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O YOGA DE SÃO FRANCISCO

  • Foto do escritor: Vanice Jeronymo
    Vanice Jeronymo
  • 12 de ago. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de ago. de 2023


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Que todos possam colher os frutos celestiais e a terna beleza presentes na suavidade e na alegria dos céus e das estrelas, das flores e dos pequenos animais, dos regatos da vida que correm felizes na unidade imanente e transcendentes de todas as criaturas de Deus

(Alexandre Campelo).


Francisco de Assis tornou-se uma das santas figuras mais carismáticas da história do Ocidente. Seu nome é constantemente associado a qualidades e sentimentos vinculados à ternura, benevolência, humildade, doçura e amor.


A história de Francisco mostra sua capacidade de despertar em seus fiéis os sentimentos mais elevados que conduzem pelo caminho de suas evoluções espirituais. Seus argumentos alicerçavam-se, fundamentalmente, sobre três bases:


- a obediência extrema, possível apenas com o perfeito amor a Deus e a todas as Suas criaturas;

- o viver humilde, como ensinou Jesus Cristo;

- a castidade, a pureza e a inocência de coração.


Apesar de sua trajetória ter se popularizado devido ao imenso amor a Deus e ao respeito por todas as coisas, por nelas perceber a presença divina, Francisco é considerado também um subversivo no sentido mais puro, por apresentar um novo modelo cristão, tenro e profundo, que afrontava a ortodoxia dominante de seu tempo.


Inicialmente contrariada, a cristandade, no tempo de Francisco - se caracterizava pelo desejo de poder, e fundamentava-se em interpretações superficiais das escrituras; posteriormente, todavia, passou a reconhecê-lo como o verdadeiro apóstolo da pobreza, assim como reconhecer sua sensibilidade aguçada para os ensinamentos sobre um viver simples e contemplativo, considerando este como um dos caminhos autênticos para a evolução espiritual.


A obra Francisco, o grande yogi de Assis: a vida do santo e os pontos em comum com a filosofia do yoga, escrita por Alexandre Campelo, mostra afinidades detectadas entre os pensamentos e modos de viver de Francisco e grandes divindades yogins, comparando-o ao mais perfeito yogi ocidental, em seu sentido nato, primitivo e etimológico. Seu despertar interior, conforme o autor, foi tal qual o que ocorre com um Buddha, quando este percebe a insignificância dos prazeres sensoriais diante da espiritualidade maior.


De Francisco emanaram sentimentos de doçura e alegria e o ensinamento de que Deus é a mais pura compreensão de simplicidade, humildade e inefabilidade que poderia haver. Assim, Deus se expressa na beleza das flores, no canto dos pássaros, na alegria das manhãs, na luz do sol, na vida dos animais. E em tudo isso, encontramos a paz.


Francisco percebeu a imanência de Deus em toda a natureza. A ele atribuiu-se o poder de se comunicar com os animais e acalmá-los. Assim, resgatou o sentido puro, cristalino e profundo da religião, e cativou corações sinceros. Sua reverência às manifestações era tanta que, conforme se conta, nem mesmo as labaredas de sua roupa em chamas ele quis apagar durante um incêndio acidental. O fogo é sagrado, a água, o sol, a lua, os animais são sagrados. Essa devoção é evidente em seu Cântico ao Irmão Sol, composto em 1225:


Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus são o louvor, a glória e a honra e toda a bênção. Somente a ti, ó Altíssimo, eles convém, e homem algum é digno de mencionar-te. Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o Senhor Irmão Sol, o qual é dia, e por ele nos iluminas. E ele é belo e radiante com grande esplendor, de ti, Altíssimo, traz o significado.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e pelas estrelas, no céu as formaste claras e preciosas e belas. Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento, e pelo ar e pelas nuvens e pelo sereno e todo o tempo, pelo qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é mui útil e humilde e preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo pelo qual iluminas a noite, e ele é belo e agradável e robusto e forte. Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a mãe terra que nos sustenta e governa e produz diversos frutos com coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor, por que perdoam pelo teu amor, E suportam enfermidade e tribulação.

Bem aventurados aqueles que as suportarem em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã nossa, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente pode escapar.

Ai daqueles que morrerem em pecado mortal: bem-aventurados os que ela encontrar na tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei ao meu Senhor, e rendei-lhe graças e servi-o com grande humildade.


A conexão com a natureza o fez ganhar fama como o santo "protetor dos animais" e padroeiro da ecologia; seus ensinamentos sobre Deus, os humanos e a natureza em geral, o colocam entre os mais queridos e iluminados seres que deixaram legados de paz, amor, e harmonia entre nós. Às suas bênçãos, os fiéis entregam seus animais, para que sejam fortalecidos, se assim forem os seus caminhos.


Este foi um pequeno texto em homenagem aos cães, em especial aos queridos Bibi, Nick "Pulgo" e a nossa querida Maya (representada na imagem abaixo). Que para eles se abram novos caminhos, sem dores e sofrimentos. Afinal, como se diz, todos os cães merecem o Céu.


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Referências


CAMPELO, A. Francisco, o grande yogi de Assis: a vida do santo e os pontos em comum com a filosofia do yoga. São Paulo: Urbana, 2011.






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